domingo, 26 de dezembro de 2010

A Sociedade “Virturreal”



A narrativa em torno do site Wikileaks, das eleições 2010, do ficha-limpa, das compras virtuais coletivas; além de demonstrar a força que a Internet está proporcionando às massas, demonstra o quão participativa e atuante a sociedade “virturreal” pode ser ao defender os seus ideais.

No caso do site Wikileaks, Julian Assange demonstrou que ser ativista virtual – ou ciberativista – é algo promissor para quem possui essa aspiração. A publicação de documentos diplomáticos em seu site e em veículos de comunicação parceiros (El País, Le Monde, The New York Times, The Guardian e Der Spiegel) provocou rebuliço na Internet, no governo dos Estados Unidos e em órgãos de imprensa espalhados ao redor do mundo. (...)

As grandes autoridades e empresas agoram podem ser beneficiadas ou prejudicadas em menos de 24 horas pela população “virturreal” que acompanha e solidariza-se com informações que as alcança pouco tempo após serem publicadas. Os agentes contemporâneos de informação não são apenas os veículos formais de imprensa (rádio, jornal, periódico e TV), uma pessoa com um smartphone em mãos já é um possível jornalista ao publicar em seu blog, Twitter, Facebook, Orkut, ... ; as consequências, após postagem na web, são irreversíveis. Crackers atualmente são os criminosos mais potencialmente nocivos e invadem empresas, contas bancárias, vasculham a vida das pessoas, roubam as suas identidades na rede e fazem variados tipos de violações sem muitas vezes serem notados ou identificados. Uma das maiores empresas no ramo de cartão de crédito – no episódio WikiLeaks – foi invadida, a página foi “tirada do ar” e dados dos clientes foram publicados em ataque iniciado em menos de 24 horas. Um grupo entitulado Anonymous responsabilizou-se pelo feito. (...)

As eleições deste ano não foram as mesmas de outrora. Seguindo a tendência das eleiçoes americanas, onde a web teve grande importância no desenrolar do processo democrático nacional, a população transportou o debate para a Internet e os candidatos tiveram que se adaptar à nova realidade. Páginas virtuais, perfil no Twitter, vídeos no YouTube e correntes via e-mail inundaram à rede em busca dos eleitores; informações falsas e verdadeiras, briga ideológica e debates foram manchetes à sociedade “virturreal”. (...)

O ficha-limpa, um dos maiores empreendimentos políticos realizado pelo cidadão brasileiro, em pouco tempo, ostentava milhões de assinaturas, tornando-se projeto de lei de iniciativa popular, futuramente aprovado por uma massa que “assinou” a petição por meio da Internet. Projetos de iniciativa popular, nessa perspectiva, poderão ser elaborados e encaminhados ao Congresso com maior facilidade, dando à sociedade “virturreal” capacidade de por em discussão projetos de lei sob os seus interesses, sem os entraves geográficos antes impostos. A Organização Avaaz é um dos principais representantes dessa nova modalidade representativa da cidadania mundial e possui vários projetos esperando a colaboração de cidadãos para serem encaminhados aos representantes políticos, além de contar com mais de 6 milhões de membros.

Outro grande filão que está sendo explorado são as compras coletivas, onde consumidores combinam comprar em grupo um determinado lote de produtos ou serviços. Isso proporciona descontos consideráveis e está sendo altamente explorado por algumas empresas. Caso esteja interessado em saber mais sobre isso, leia aqui. (...)

A sociedade não se limita mais ao habitat físico, desligado de canais de comunicação, fora do ambiente virtual. Mais difícil será a sobrevivência daqueles que tentarem viver “desconectados” e desligados do paradigma operante. A frase do livro de Homero, a fala da Esfinge de Édipo, parece ser um recado desse novo modelo: “Decifra-me ou devoro-te”.


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