Finda-se hoje a discussão sobre tecnologias pré-3G que foi assunto das duas postagens anteriores. O tema desta postagem será a transmissão de dados, visto que é recurso comumente presente nos celulares pré-3G contemporâneos.
Cabe mencionar que, quando aqui for dito o termo tecnologia para transmissão de dados e correlatos, referir-se-á àquela que têm capacidade de transmissão a longa distância pela rede de telefonia móvel como, por exemplo, GPRS, EDGE e outros; o mesmo não se aplica às tecnologias acessórias, embarcadas em celulares, como wi-fi, bluetooth ou infravermelho. Serão abordadas aqui as tecnologias de transmissão de dados, cujas são: GPRS, CDMA one (IS-95), EDGE e CDMA 2000 (1xRTT).
A rede GPRS (General Packet Radio Service – Serviço Geral de Rádio por Pacote) permite que celulares tenham acesso à Internet por meio do envio e recebimento de pacotes de dados. Isso, na prática, significa que arquivos são divididos em pedaços ao serem enviados e recebidos e, ao chegar ao local de destino, são remontados. A vantagem da comutação por pacotes é que a via de envio ou recebimento somente fica ocupada quando um arquivo está sendo transferido; eis a razão para que as empresas telefônicas tarifem o serviço por pacotes de dados. A velocidade de transmissão de dados no GPRS está, aproximadamente, entre 40 e 170 Kbps e é fornecida por empresas como Claro, Oi e TIM a preços que variam, em celulares pré e pós-pago, aproximadamente, entre R$6,00 e R$16,00 por MB quando não há a contratação de algum plano.
CDMA One (Code Division Multiple Acces One – Acesso Múltiplo por Divisão de Código Único), como é conhecido comercialmente referindo-se ao CDMA IS-95, é uma tecnologia pouco usual, pode-se dizer obsoleta, que foi bastante utilizada para fins militares. O CDMA One possui duas versões: o IS-95A e o IS-95B. O IS-95B é a melhoria para transmissão de dados da especificação anterior. Enquanto no IS-95A a transferência atinge o pico de 14,4 Kbps para transmissão de dados, no IS-95B atinge 115 Kbps.
No CDMA One é utilizado o acesso por divisão do código (ver CDMA na postagem anterior) de um único canal. Seria o mesmo que dizer que várias pessoas utilizam uma única banda num mesmo período de tempo, partilhando-a. É interessante mencionar que o ISB-95A funciona por meio da comutação de circuitos (meio utilizado para transferência de dados onde a banda fica ocupada do momento em que a comunicação é estabelecida até o seu término, independentemente de que dados estejam ou não sendo transferidos) e o ISB-95B por meio da comutação de pacotes, já mencionado anteriormente.
Na tecnologia EDGE (Enhanced Data rates for GSM Evolution – reforço da transferência de dados para evolução do GSM) a velocidade de transmissão de dados é substancialmente mais elevada que nas tecnologias já citadas. O EDGE possui essa nomenclatura pelo fato de possibilitar o aumento da transferência de dados em redes GSM. Uma das características do EDGE é que ele permite o streaming (transferência em tempo real de pequenas partes de arquivo) de vídeos, rádios on-line e outros serviços que desse meio utilizam. Isso é possível graças à considerável taxa de transferência de arquivos que pode chegar até 384 Kbps quando a tecnologia utiliza comutação por pacotes. Quando utiliza comutação por circuito a velocidade de transferência pode chegar a 64 Kbps. Operadoras como TIM, Claro e BrT GSM oferecem o serviço para celulares pré e pós-pago com o preço, aproximado, por MB, entre R$6,00 e R$9,00 quando o usuário não opta por um plano. Como as operadoras cobram por pacotes, dá para perceber que a transferência de dados será por comutação de pacote.
O CDMA 1xRTT (Code Division Multiple Acces 1x Radio Transmission Technology – Acesso Múltiplo por Divisão de Código de uma portadora (1x) com tecnologia de rádio-transmissão) ou CDMA 2000, como é comercialmente conhecido, é a evolução do CDMA One. A taxa de transmissão de dados por meio dessa tecnologia pode atingir, aproximadamente, até 305 Kbps na especificação 1xRTT. O CDMA 2000 – conhecido popularmente dessa forma por ter tido a sua primeira padronização no ano 2000 – possui, ainda, outras três versões: 3xRTT, 1xEV-DO e 1xEV-DV. Pode-se dizer que estas últimas estão mais próximas da “realidade 3G”, o que confunde o termo CDMA 2000 quando levado a ser classificado em 2,5G , 2,75G ou 3G.
Dito o presente e o anteriormente exposto encerra-se, assim, a discussão das tecnologias pré-3G abordadas nas últimas semanas. Estas duas últimas postagens foram maçantes (devido às menções a termos técnicos), porém, necessárias para explanar o conteúdo abordado para o bem do conhecimento dos usuários dessas tecnologias ou daqueles que vierem a aderir a ela. Sabe-se que a filosofia desse blog é informar e facilitar o entendimento de termos que muitas vezes estão no campo técnico, por isso, desde já, assim como para outras postagens, fica aberto este espaço para futuras discussões pertinentes por meio de comentários ou perguntas que serão, assim que possível, respondidas.
2 comentários:
me chamo Fádua Kênia e adorei como o assunto foi abordado. estou fazendo minha monografia sobre velocidade de transmissão de dados na rede 3G. E gostaria de saber se vc chama de pré-3G as que atualmente estão chamando de 3g. E se as redes implantadas já são 3G de fato (pelas operadoras)?? agradeceria muito se vc me mandasse mais informações sobre a transmissão de dados na rede 3g e não tem problema se tiver muitos termos técnicos... por favor
meu e-mail: fkenia_castro@hotmail.com
Oi Fádua!
Escrevi um post neste blog falando sobre tecnologia 3G (http://janelatecnologica.blogspot.com/2008/06/normal-0-21-false-false-false.html) e mencionei naquela oportunidade os benefícios de se ter acesso a esta rede.
Acontece que a realidade da maioria dos brasileiros que moram no interior dos estados em cidades com menos de 200.000 Hab. seja diferente porque o sinal não chegou a esses "pobres mortais" ou chegou insatisfatoriamente por falta de criação ou planejamento de uma infra-estrutura de rede que atendesse a essas outras pessoas(ou de tempo para fazer isso visto que a publicidade do termo 3G saíu na frente da estrutura para suportar a rede em si, ainda mais com o advento do IPhone 3G - não daria para vendê-lo aqui (e todas as telcos queriam vendê-lo) se fosse falado que a rede 3G no Brasil, como um todo, é ainda "imatura").
Na cidade onde eu moro e nas localidades vizinhas a velocidade de transmissão de dados do 3G está somente um pouquinho melhor que a velocidade de transmissão da linha discada (isso no estado de São Paulo; não quero nem imaginar como está no interior dos outros estados já que NORMALMENTE as novidades ocorrem aqui primeiro).(...)
Respondendo à sua pergunta, digo que a tecnologia disponível será 3G se usar um protocolo ou tecnologia de transmissão de dados que pertença a esse termo (ex: protocolos WCDMA (evolução do CDMA), EVDO,... ). Trato como pré- 3G às tecnologias anteriores aos protocolos 3G, pode-se dizer que elas serviram para fornecer alguns serviços de transmissão de dados com a web enquanto o 3G não chegava.(...)
Como mencionei anteriormente, DE FATO, por exemplo, na minha cidade, a rede 3G só tem nome. Na prática, por pouco a linha discada não tem a mesma velocidade de transmissão.
Achei bastante interessante o seu tema (daria até para fazer uma Dissertação de Mestrado com isso). Quer uma idéia para sua pesquisa de campo (o que eu acho essencial no seu caso)? Vc poderia improvisar um notebook e um modem 3G e sair por pontos da sua cidade e cidades vizinhas para captar diferenças de banda, sinal ou latência da rede 3G anotando os resultados colhido nos diferentes pontos. Logicamente, estes pontos teriam que estar a alguns quilometros dos outros, se não o resultado poderia ficar viciado.
Um site que eu acho que deva ser referência quase obrigatória para a sua monografia é o site da União Internacional de Telecomunicações (http://www.itu.int/net/home/index.aspx)que é responsável em padronizar e regular as ondas de rádios e telecomunicações internacionais. O site é francês; a boa notícia é que há nele uma opção para mudar para o Espanhol.
Outro lugar onde você pode procurar informações é no site da Anatel, afinal, é de lá que sai as diretivas de utilização de ondas de rádio no Brasil. Todas as operadoras de telecomunicações estão vinculadas direta ou indiretamente a ela.
Para encerrar, recomendo que vc leia a matéria desse link: http://www.baguete.com.br/noticiasDetalhes.php?id=25545
Espero ter ajudado! Boa pesquisa!
Abs
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